LOSTpédia
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A técnica literária é uma regra ou estrutura empregada na escrita que pode ser identificada em uma análise da história. Em Lost, várias técnicas literárias são usadas para enriquecer os episódios.

Técnicas Comparativas[]

Ironia[]

O destino de Nikki e Paulo
Artigo Principal: Ironia

A ironia é uma expressão com a qual se diz o contrário do que as palavras significam ou simplesmente é pensar o oposto daquilo que se diz. Nos livros e filmes, é comum usar a ironia para desenvolvimento da trama, sendo a técnica pela qual pode-se contrariar - através de ações, intenções ou atitudes - a lógica da história.

Em Lost, a ironia é empregada com regularidade. A oposição pode ser demonstrada através da comparação entre tempo real e flashback/flashforwards ou na comparação entre episódios. É ainda característico a existência da "justiça poética", onde personagens são recompensados ou punidos com um evento de resultado oposto ao que buscavam originalmente.

Justaposição[]

Preto e Branco

Nos livros e filmes, a justaposição é a composição feita pela união de elementos opostos ou conflitantes - ideias, personagens, palavras, objetos e etc. Gramaticalmente, é empregada na criação de palavras compostas, como "guarda-chuva" (guarda + chuva) ou "girassol" (gira + sol).

Em Lost, pode ser presenciada na composição e transição de cenas, assim como no desenvolvimento da história e personagens. Comumente, a justaposição é usada para evidenciar uma ironia, mas também é usada para demonstrar forças contrárias, como vida e morte, preto e branco, sorte e azar.

Técnicas Dramáticas[]

Gancho e Cliffhanger[]

Algo na escotilha

O gancho é a técnica pela qual uma situação é iniciada para ser resolvida em um outro momento ou episódio. Um tipo de gancho mais específico, percebido em Lost, é o chamado "cliffhanger" que consiste de um corte abrupto, deixando os personagens em uma situação difícil ou causando um impacto inesperado de desenvolvimento pendente. Uma forma de assegurar o interesse do público na continuação da história.

O termo "cliffhanger" - "pendurado no penhasco" em uma tradução livre - teria sua origem na série de romance "A Pair of Blue Eyes" de 1873. Na época, Thomas Hardy, autor da série, terminou uma das edições com um personagem literalmente pendurado em um penhasco.

Reviravolta[]

A outra ilha

A reviravolta é uma mudança no rumo esperado de uma obra de ficção. Geralmente, é empregada para dar um novo momento para a história ou revelar a intenção de personagens.

Embora, muitas vezes, apareça como uma surpresa, as reviravoltas podem ser previstas pela audiência mais atenta. Isso por causa da necessidade de tornar qualquer ação condizente com a totalidade da história. Sendo assim, são deixadas pistas ao longo da trama que dão sentindo a essas mudanças.

Epifania[]

Explicando a variável

A epifania é um momento de realização ou iluminação comum em obras de ficção. Consiste da súbita percepção de uma verdade ou reconhecimento de algo até então obscuro para o personagem.

Originalmente, epifania era atribuída a aparição de uma divindade. O termo, atualmente, designa qualquer instante de inspiração única para a compreensão de algo. Em Lost, vários personagens possuem epifanias que ditam o rumo de suas vidas e consequentemente da história.

Personagens de Estoque[]

Arquétipo[]

Jack e Rose

O arquétipo é um método de análise da história pela qual todos os personagens são encaixados em uma das categorias ditas como presentes em toda estrutura básica de uma obra de ficção.

A hipótese de arquétipos teria se originado nas ideias de Platão e séculos depois elucidada por Carl Jung no seu estudo da psique humana. Em Lost, os personagens são, muitas vezes, diferenciados pelo modo como encaram uma mesma situação - A própria queda na ilha, é um exemplo. Alguns tipos de arquétipos são o herói, o sábio, o malandro, o inútil, além de outros.

Camisa Vermelha (Redshirt)[]

Dr
Artigo Principal: Redshirt

O "camisa vermelha" é um tipo de personagem cuja função em uma história é, essencialmente, ser morto. O termo se originou na série de televisão "Jornada nas Estrelas", onde figurantes vestindo uniformes vermelhos - indicando serem membros da segurança ou da manutenção dentro da história - dividiam uma cena de perigo com o elenco principal, só para serem eliminados.

Geralmente, o "camisa vermelha" se faz necessário para evidenciar o perigo de uma situação determinada. Uma vez que personagens principais não podem morrer sem que suas histórias cheguem a uma conclusão, figurantes são sacrificados para assegurar a intensidade do momento.

Personagens Ocultos[]

O monstro
Artigo Principal: Personagens Não Vistos

Um personagem oculto é um tipo de personagem importante para a trama, mas que não é revelado para a audiência. Sua presença é marcada através da fala de outros personagens ou através de sombras e pequenas características físicas mostradas rapidamente.

Técnicas de História[]

Deus Ex Machina[]

Dinamite

A Deus Ex Machina é um tipo de técnica pela qual um problema inicialmente insolúvel pode ser resolvido, mesmo que de modo improvável. É comumente usada para tirar a história de um "beco sem saída", providenciando um novo fator que leva os personagens e verem uma dada situação por outro ângulo.

O termo Deus Ex Machina - "Deus na máquina" em latim - se origina de uma crítica feita por Horácio Flaco ao uso desse tipo de técnica. No antigo teatro grego e depois no romano, os personagens eram repetidamente salvos por divindades que eram baixadas até o palco por uma grua localizada nos bastidores.

Nos tempos atuais, Deus Ex Machina se refere a qualquer solução inesperada que aconteça em uma obra de ficção.

Flashbacks[]

Hurley no aeroporto
Artigo Principal: Flashbacks

O flashback é a técnica mais marcante de Lost. É o recurso pelo qual eventos do passado podem ser contados em paralelo com eventos presentes ou futuros. Ainda, pode ser usado para revisitar um momento descrito anteriormente no próprio episódio em exibição. Na série, essa técnica é comumente intercalada com as cenas em "tempo real", sendo separada por um corte e um som característico de transição.

A técnica oferece o benefício de poder revelar informações importantes dos personagens sob um ponto de vista outro que não o do próprio personagem contando sua história. Por causa disso, é o modo mais confiável pelo qual a audiência percebe o desenvolvimento da trama e personagens.

Geralmente, os flashbacks de Lost são usados para contar eventos que aconteceram antes dos personagens chegarem à ilha. No entanto, podem ser usados para mostrar acontecimentos pós queda do voo 815 que não foram revelados até então.

Flashforwards[]

Artigo Principal: Flashforwards
Jack fora da ilha

Na literatura, televisão e em outras mídias, um flashforward ou flash-forward (também chamado de prolepse) é uma cena inserida no meio da ação que leva a narrativa ao futuro do ponto atual da história. Os flashforwards são frequentemente usados para representar eventos esperados, projetados ou imaginados a ocorrer no futuro. Eles também podem revelar partes significantes das história que ainda não ocorreram, mas logo irá em maiores detalhes. Na direção oposta, um flashback (ou analepse) revela eventos que ocorreram no passado.

Em Lost, essa técnica foi usada no último episódio da terceira temporada. O primeiro flashforward que os espectadores veem é originalmente acreditado a ser um flashback, já que os flashbacks foram a única maneira de contar as histórias fora da ilha antes daquele ponto. Então, os flashforwards começaram a ser usados para compactar a história da quarta temporada ao meio, mesclando-a com os eventos em tempo real para então chegar no final desejado onde o público já soubesse dos principais eventos.

Flash-Sideways[]

Artigo Principal: Flash-sideways
Desmond no voo 815

Na literatura, nos filmes, na televisão e em outra mídias, um flashsideway ou flash-sideway em uma narrativa, ocorre quando a sequência primária dos eventos na história é interrompida pela interposição de uma cena representando um evento alternativo, um universo paralelo não interligado com os eventos ditos reais (ou apenas com pequenos fatos).

Flash-sideways são, usados para contar fatos que não ocorreram no mundo primário, onde a maior parte dos eventos até então foi mostrada, porém, com o propósito de talvez explicar o caráter de um personagem, ou levantar o conceito de "destino". Raramente, em uma narrativa, a técnica de flash-sideways é usada. Em Lost, os flash-sideways começaram a ser usados apenas na 6ª temporada.

Prefiguração[]

O pé da estátua

Prefiguração é o uso de dicas por parte do autor que permite a audiência perceber melhor o desenvolvimento da história. Ao contrário do flashforward que oferece um cenário muito mais amplo e confiável, a prefiguração apenas cede um pedaço de informação que antecipa um provável evento ainda por vir.

Diferente das dicas que anunciam uma reviravolta, algumas prefigurações podem passar desapercebidas e serem evidenciadas depois que o evento ao qual ela se conecta é explicado. Muitas das suposições e perguntas feitas por fãs, são criadas por causa do uso desse recurso.

Distração (Red Herring)[]

Rousseau

A distração é o recurso pelo qual o autor pode atrair a atenção da audiência para algo não essencial. Isso permite que a trama seja desenvolvida sem que eventos mais importantes sejam previstos. Em Lost, muitas prefigurações são na verdade distrações.

O termo em inglês para designar uma distração, Red Herring (Arenque defumado) se origina da tática de usar o cheiro desse tipo de peixe para enganar cães farejadores.

Bordões[]

"Dude"
Artigo Principal: Frases Comuns

Um bordão é uma frase, palavra ou expressão usada com frequência ao ponto de ser reconhecida pela sua repetição. Eventualmente, o bordão se torna a "marca registrada" de um ou mais personagens.

Em Lost, o bordão mais reconhecido é o "dude" dito por Hurley.

Simbolismo[]

A bailarina de vidro
Artigo Principal: Simbolismo

O simbolismo é a aplicação de símbolos - representações icônicas que carregam um significado convencional.

Em Lost, o simbolismo é usado através de objetos ou partes de diálogos que representam a psique de um personagem. Algumas vezes, o próprio destaque dado a um personagem sugere pensamentos em formação ou suas motivações. O simbolismo é sempre subjetivo, não podendo ser tido como a interpretação definitiva.

Narrador Inseguro[]

"O voo 815 foi encontrado, sem sobreviventes"

Um narrador inseguro é uma técnica literária na qual o narrador da história não pode ser confiado. Tipicamente, esse tipo de narrador (ou narradores) fazem uso de uma reticência para omitir a informação-chave na narrativa. Esse recurso serve para chocar ou estimular a audiência com uma revelação inesperada, mais tarde.

Por exemplo, no conto "An Occurrence at Owl Creek Bridge", o narrador, alguém removido do envolvimento na trama, está narrando a história ao leitor. No Ato II, o narrador conta ao leitor que Farquhar escapou de sua punição e retornou a sua família. O Ato III, entretanto, revela o narrador inseguro quando uma reviravolta no final mostra que a fuga foi uma alucinação experienciada nos últimos momentos da vida de Farquhar. Outro exemplo é o filme "O Plano Perfeito" de Spike Lee, todo baseado no conceito do narrador inseguro.

A própria trama de Lost é algumas vezes vista como um narrador inseguro, utilizando várias técnicas literárias para manipular a audiência.

Efeito Abajur[]

Hurley, Miles e o Abajur

A técnica do "Efeito Abajur" é usada para dar credibilidade a um evento absurdo ou mal desenvolvido. Consiste em fazer que um ou mais personagens percebam a improbabilidade de uma situação, servindo como a voz do público dentro da história.

Muitas vezes, a audiência pode acabar dando demasiada atenção a um problema específico. O "Efeito Abajur" ameniza a sensação de estranheza, uma vez que fica entendido que o mesmo problema está sendo percebido pelos personagens.

Essa técnica é essencial para garantir um mínimo de realismo, ao menos no que diz respeito a reação dos personagens. Isso é muito importante para um drama com vários elementos de ficção científica, como acontece em Lost.

Revisão Conveniente[]

Namaste

A revisão conveniente é uma técnica usada para economizar tempo em uma história. Muitas vezes, os personagens ficam alienados de acontecimentos e para que a audiência saiba que eles receberam a informação em algum momento, uma breve conversa é inserida para esse efeito. Isso evita um grande diálogo para explicar tal fato.

Um exemplo seria: Dois personagens se reencontram depois de muito tempo. Temos um corte. Quando voltamos para esses dois personagens, um deles convenientemente diz, "Então, você esteve em Los Angeles, trabalhando no hospital" ou "Deixa eu ver se entendi, John está mesmo morto."

Com isso, sabemos que toda ou parte da informação foi comunicada ao personagem alienado. Esse recurso funciona melhor quando a audiência já está a par dos eventos. Dentro da história, fica parecendo com uma confirmação ou revisão de ao menos parte do que foi contado.


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